Perguntaram-me o que eu gostaria de ganhar nesse fim de ano, eu não precisei pensar muito.
O meu presente não está em prateleiras, nem em lindas caixas com fitas douradas. Ele está dentro de mim, num certo desejo e desespero da minha família.
O que eu mais quero ganhar é ser acordada pelo meu pai puxando meu pé, coçando minha cabeça, dizendo: Acorda saluzinha, não vai se atrasar! E quando eu levantar o nosso café está lá feito por ele, aquele sanduíche que só ele sabe fazer.
Sair de casa menos preocupada se vai acontecer algum problema irreversível, se ele vai tomar a medicação correta, se não vai tomar muito café, se vai dormir direitinho. Que não vai ficar deprimido por não poder mais trabalhar...
Que quando eu voltar da universidade ele estivesse lá na parada me esperando como sempre foi e como ele me prometeu que seria quando eu passei no vestibular.
Que me levasse ao teatro, festas e afins, naquele carro que todo mundo dizia que caia aos pedaços, mas que era a minha limusine e eu não tinha nenhuma vergonha.
Que dor eu senti ao ver sua vida por um fio, que desespero deu segurá-lo em meus braços achando que ali era o fim... Dói demais ver quem você ama sofrendo, você sente-se inútil...
Eu entendo suas queixas, o mau humor, a rebeldia, não é fácil para mim, imagino para você.
Não consigo falar dele sem ficar emocionada, ele é meu exemplo de determinação, de vontade, de trabalho.
Pai você é o meu presente!
Da sua filha e agora sua mãe. Eu te amo demais!